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segunda-feira, 17 de outubro de 2011

As imagens da explosão no Centro do Rio de Janeiro mostram uma pessoa que parece voar com a força da explosão

Novas imagens revelam força de explosão em restaurante no Rio




O Fantástico conseguiu imagens exclusivas da explosão que destruiu um restaurante no Centro Rio de Janeiro, matando três pessoas e ferindo 17.


Manhã de quinta-feira. Na frente do restaurante, três pessoas conversavam. Ainda muito abalada, Michele, atendente do estabelecimento, ajuda a identificar cada uma. Eram Egídio da Costa Neto, funcionário do restaurante, José Roberto Pereira, ajudante de cozinha e Josimar dos Santos Barros, o sushiman. Matheus Maio Macedo, de 19 anos, caminhava pela calçada. Em um instante, todos são atingidos.


Josimar, Matheus e Severino Antônio de Mendonça, o cozinheiro, conhecido como seu Antônio, morreram na hora. Michele escapou por sorte. Ela e seu Antônio haviam entrado no restaurante. “Cheguei e falei para o seu Antônio: ‘vem pra fora que o cheiro de gás está muito forte, não pode acender a luz, porque pode causar explosão. Pedi pro seu Antônio sair. Assim que eu saí causou a explosão. Me salvei, tentei salvar o Antonio, mas não consegui, Antônio não me escutou”, conta Michele Medeiros dos Santos, atendente.


O Fantástico teve acesso a imagens exclusivas das câmeras de segurança instaladas no estacionamento do hotel vizinho ao prédio. Elas mostram uma cena impressionante.


Segundos antes da explosão, um funcionário dava informações aos hóspedes que aguardavam o carro.


“Eu acabei de dar informação para o rapaz, como ele chegaria à Barra da Tijuca. Na verdade eu fiquei de costas. Então eu só presenciei aquele barulho, aquela explosão forte”, conta Leandro Amaral Saraiva, guarda do estacionamento.


Com o impacto, um deles é arremessado no chão. Uma mulher corre. A empresária Rosa Maria Vieira de Moura Estevão teve cortes na cabeça.


“Eu senti uma pancada forte na cabeça, nas costas, e não sei como eu vi que eu vim parar aqui. Eu tenho certeza que é aqui, porque aqui tem o meu sangue”, mostra a empresária.


O engenheiro agrônomo Eduardo Marcelino de Moura Estevão, praticamente não se feriu. A única marca que ficou da explosão foi um pequeno rasgo no paletó.


O homem que é lançado ao chão é um amigo do casal. Ele sofreu traumatismo craniano e permanece internado.


“O que a gente viu parece coisa de cinema. A sensação que eu tenho é que ele voou. Parece que a corrente de ar na direção dele foi maior”, diz Eduardo.


Em imagens gravadas logo depois da explosão, eles aparecem deixando o prédio. Rosa Maria é carregada. “Quando a gente viu o tamanho da destruição, nós ficamos estarrecidos, porque a gente não imaginava que era uma coisa tão grande assim. Mas passou”, comenta a empresária.


O casal se emociona ao assistir às imagens pela primeira vez. Leandro, o funcionário do estacionamento, tinha acabado de chegar ao trabalho. Naquele dia, pode ter sido salvo por uma mudança na rotina.


“Às 7h10, eu tomava o meu café, atravessava a praça, ia na banca do seu Jorge, pegava o jornal. Toda a terça e quinta eu pegava o jornal. No horário da explosão eu estaria passando. Só que nesse dia eu fiz tudo ao contrário. Eu passaria nesse exato momento, às 7h26, que é o horário da explosão, eu passaria ali em frente” conta Leandro.


Do estacionamento, Leandro costumava ver a cozinha do restaurante e as pessoas trabalhando. Não sobrou nada. Uma parte do hotel também foi atingida.


No momento da explosão, não havia ninguém na área de descanso dos funcionários do hotel. Um sofá que ficava encostado em uma parede foi abaixo. Mais adiante, é possível ver bem o estado em que ficou o prédio onde funcionava o restaurante. As paredes e o chão do andar térreo praticamente não existem mais. Debaixo de uma laje ficava a cozinha do restaurante que explodiu.


O restaurante Filé Carioca agora é uma montanha de entulhos. Tinha dois salões: um no térreo com bar e buffet; e outro no subsolo, com mais mesas. Também havia botijões de gás armazenados.


Na véspera da explosão, o restaurante ficou fechado. Era feriado de 12 de outubro. Segundo os bombeiros, a hipótese mais provável é que o gás teria vazado e se acumulado. Ao acender uma lâmpada ou um cigarro a explosão pode ter sido detonada. Seis cilindros de 45 quilos, cada, foram encontrados depois que muito entulho foi removido.


O Edifício Riqueza não tinha autorização para usar gás de botijão. Mesmo assim, o restaurante conseguiu um alvará provisório de funcionamento. Ele foi renovado cinco vezes nos últimos três anos pela prefeitura. Não foi só o restaurante que ficou destruído. A equipe do Fantástico entrou no prédio. A destruição é tão grande que fica difícil imaginar o que funcionava antes. De um lado funcionava uma sorveteria e do outro uma loja de utensílios domésticos. E no outro lugar, onde não tem mais nem o piso uma lan house. Me primeiro andar, funcionava um escritório de oftalmologia, não há mais parede, nem chão.


Um especialista em análise de acidentes explica que uma explosão de gás provoca um grande deslocamento de ar. “Como se fosse uma gigantesca mão de vento que bate em todas as direções”, compara Moacyr Duarte, pesquisar Coppe/UFRJ.


Ele mostra, nas imagens, que a força é tanta que carrega tudo que existe pela frente. ““Nas áreas mais próximas ao centro da explosão, objetos se movem com a velocidade de balas de fuzil”, continua o especialista. Provavelmente uma moldura de uma janela, que está firmemente cravada, seria o suficiente para transpassar o crânio facilmente de um ser humano.”


Quatro pessoas estão internadas, três em estado grave. Quem escapou ainda tenta entender como sobreviveu. “É um renascimento, define o agrônomo Eduardo Marcelino.


“Um milagre, verdadeiro milagre”, acrescenta a empresária Rosa Maria


“Eu tenho que levantar as mãos para o céu e agradecer a cada dia por eu ter levantado, por eu ter chegado aqui e não ter sofrido nada, nada, nada, nada”, diz Leandro, funcionário do hotel.